Você provavelmente já deve ter ouvido falar na importância da Campanha Novembro Azul, certo? Trata-se daquela iniciativa que busca promover a saúde e o bem-estar do homem, principalmente no que toca à prevenção do câncer de próstata, o segundo câncer mais comum entre esta população — perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma — e é o segundo maior em relação à taxa de mortalidade — ficando atrás do câncer de pulmão.

Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada hora, cerca de sete homens recebem o diagnóstico de que têm câncer de próstata no Brasil, sendo que 20% destes vêm a óbito. Ainda segundo o Instituto, estima-se que 65.840 novos casos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022, somente no Brasil.

Contudo, mesmo apresentando altos índices de casos e mortalidade, este tipo de câncer é um dos que apresentam as maiores chances de cura, se descoberto precocemente por meio dos exames de rastreio.

E é justamente por isso que a importância do Novembro Azul deve ser exaltada para a população em geral, especialmente entre a população adulta masculina acima dos 50 anos de idade. A saúde do homem, assim como da mulher, deve ser assunto prioritário e sem estigmas — como aquele de que o homem não precisa ir ao médico fazer exames de rotina.

O movimento diz respeito à conscientização sobre a necessidade dos cuidados pessoais, prezando pela saúde tanto do corpo físico quanto da mente. Assim, pequenos atos como a prática de exercícios físicos, alimentação balanceada, deixar vícios de lado (tabagismo, álcool), fazer sexo de modo seguro, fazer o exame de próstata periodicamente, entre outros, podem ajudar a alcançar o status de organismo saudável.

Quais os sintomas e fatores de risco do câncer de próstata?

É importante dizer que no estágio inicial do câncer de próstata o quadro é praticamente assintomático, e quando surgem os sintomas cerca de 95% dos casos já encontram-se em estágio avançado, o que dificulta ainda mais as possibilidades de recuperação.

Quando este tipo de câncer se encontra na fase avançada, os sintomas mais comumente percebidos são:

• incômodo/dor ao urinar;
• vontade de urinar mais frequentemente;
• sensação de que a bexiga não esvaziou completamente;
• jato da urina mais fraco e necessidade de forçar para urinar;
• presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

No que concerne aos fatores de risco, aqueles que podem aumentar a possibilidade de surgimento do tumor e/ou a gravidade da situação são:

• histórico familiar de câncer de próstata (pai, irmão ou tio), que pode refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares e estilo de vida;
• idade, uma vez que a taxa de incidência e de mortalidade aumentam consideravelmente a partir dos 50 anos de idade;
• tabagismo;
• obesidade/maior taxa de gordura corporal;
• exposição a arsênio, a aminas aromáticas (comuns no ramo das indústrias químicas, mecânicas e de transformação de alumínio), a fuligem, a produtos de petróleo, entre outros.

Prevenção e tratamento do câncer de próstata

A forma mais assertiva, que pode garantir a cura do câncer de próstata, é o diagnóstico precoce por meio de exames de rastreio. Por isso, homens a partir dos 45 anos com fatores de risco ou 50 anos sem estes fatores devem procurar por um urologista para realizar o exame de toque retal e um exame de sangue, conhecido como PSA.

No primeiro exame, é realizada uma avaliação das alterações da glândula — se existe um endurecimento ou se há a presença de nódulos suspeitos, por exemplo. Caso surja a suspeita de câncer de próstata, o profissional de saúde poderá solicitar a realização de biópsias, procedimentos que retiram fragmentos da glândula para análise.

O tratamento dependerá de uma série de fatores, que vão desde o estado de saúde, passando pelo estágio da doença, a expectativa de vida e até as preferências do paciente.

Em alguns casos o uso de medicamentos é suficiente. Já em outros, o medicamento pode não surtir o efeito desejado, sendo necessário a realização de procedimentos cirúrgicos.

Campanha Novembro Azul: a promoção da saúde e o bem-estar do homem

Segundo pesquisas, as mulheres se cuidam mais do que os homens em relação à sua saúde. Enquanto elas costumam ir ao médico mais frequentemente, independentemente se estiverem sentindo algo ou não, eles costumam realizar consultas apenas quando não estiverem se sentindo bem.

Além disso, cerca de 70% dos homens que realizaram alguma consulta médica foram influenciados por seus filhos e/ou companheiras, conforme aponta o Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo.

Isso pode refletir na expectativa de vida de ambos os sexos: enquanto que, em média, homens vivem até os 73,1 anos, as mulheres vivem até os 80,1 anos de idade. A taxa de mortalidade também corrobora com as pesquisas: a taxa dos homens é superior à das mulheres.

Isso é, em linhas gerais, efeito das barreiras socioculturais e de estereótipos que acompanham a sociedade, que dizem que os homens não devem apresentar uma vulnerabilidade frente a possíveis doenças.

Como resultado, tem-se o descobrimento tardio de doenças e outras condições médicas, que podem estar em estágio mais avançado, comprometendo as chances de tratamento efetivo.

Assim, a importância do Novembro Azul é ressaltar que a saúde do homem é importante e que deve ser levada em consideração, em qualquer estágio da vida. A Campanha Novembro Azul não se restringe apenas à prevenção do câncer de próstata, mas, sim, deseja fazer com que este pensamento de que homem não precisa se cuidar diminua cada vez mais.

Por isso, uma série de ações são e devem ser realizadas para promover uma maior conscientização sobre o assunto, principalmente entre o público masculino, tais como: ações em organizações, realização de exames, palestras e outros eventos.

Fontes: Biblioteca Virtual em Saúde [1] e [2], Instituto de Previdência Social do Município de Campinas, IBGE, INCA